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Os nomes que utilizamos
Texto: Dalton Holland Baptista A escolha dos nomes das orquídeas sempre foi um problema para os amadores e profissionais. Mesmo a identificação das espécies às vezes é complicada. O fato é que a maioria das pessoas não tem interesse em pesquisar a momenclatura e conforma-se em manter o nome com que as plantas vieram identificadas no momento da compra. Afinal, o que interessa são as plantas, flores e seu cultivo, o resto não importa muito. Assim sendo, creio que o papel dos orquidários profissionais na divulgação dos nomes apropriados das plantas é muito maior do que parece à primeira vista. É por esta razão que o Colibri Orquídeas tem adotado muitos dos "novos nomes".
"Novos nomes"? por que as aspas? a verdade é que muitos desses nomes não são novos. De fato muitos deles têm mais de um século. Os nomes são apenas "novos para nós" porquê não os conhecemos. A grande maioria deles foi proposta no século XVIII ou XIX e ignorada pelos profissionais uma vez que isso demandaria trabalho de pesquisa, diminuindo o tempo disponível para lucrar vendendo as plantas. Consideramos parte importante da produção e comercialização fornecer as informações mais atualizadas de cada produto. Identificar plantas por nomes errados ou antigos é como vender um aparelho eletrônico com o manual de um modelo fora de fabricação.
Já adotamos os novos nomes para as Cattleya, Laelia e Schomburgkia e quase todos os nomes correntes para os antigos Pleurothallis. Grande parte dos Dendrobium e Bulbophyllum tambem têm nomes mais modernos, mas como os cientistas ainda não chegaram a um consenso, por enquanto estamos utilizando os nomes antigos, mas a nova classificação é inexorável. Aconselhamos os colecionadores a adotá-la desde já. Os nomes estão nas notas das informações completas de cada uma das espécies. A divisão em grupos menores facilita a identificação e a aprender a melhor maneira de cultivo. Pensando bem, não há motivo prara utilizar o nome antigo a não ser pelça força do hábito.
Para quem quer saber mais sobre a classificação das orquídeas recomendamos a leitura do restante desta página, caso contrárao vamos às compras!
Classificação e Nomenclatura das Orquídeas
Aqui o Dalton reproduz parcialmente um artigo que escreveu, publicado na revista Brasil Orquídeas nº 22, em setembro de 2007. Este artigo trata da história das orquídeas no Brasil e confusão de nomes:
Há cerca de seis anos, Dalton e Americo Docha Neto, insatisfeitos com as informações disponíveis sobre as orquideas brasileiras, resolveu estudar melhor o assunto. De colecionadores passaram a se divertir menos com o cultivo e mais caçando as espécies pouco conhecidas ou confusas. E quando menciona caçada, quem conhece o Dalton sabe ao que se refere. Não é caçada no mato, pois nenhum dos dois gosta desse desconforto, mas caçada nos livros, confortavelmente instalados atrás de suas escrivaninhas.
O material que tinham disponível no começo eram apenas os livros do Hoehne, do Pabst, e algumas publicações avulsas, além de suas plantas, é claro. Felizmente o Dalton podia ainda trocar idéias com Marcos Campacci e outros velhos amigos fanáticos por classificação de orquídeas.
Durantes estes anos em que pesquisaram, muito se fez em todo o mundo. Inúmeros sites novos surgiram na Internet, os existentes foram melhorados, diversos livros foram publicados, pesquisadores ligados às universidades, revisaram alguns gêneros brasileiros visitando herbários no mundo todo e também os locais de coleta das descrições originais, etc., no entanto ainda há muito por realizar.
No passado o Dalton foi buscar as descrições originais de nossas espécies, obter fotos dos tipos e das ilustrações publicadas por cada autor e tirar nossas próprias conclusões, afinal, como nós mesmos erramos, outros poderiam errar também e não desejamos contribuir para que um engano se perpetue. A descrição original é a verdadeira informação confiável e a única maneira de realmente estarmos seguros de nossas conclusões. Além disso, resolvemos dedicarmo-nos a menos gêneros e estudar melhor um de cada vez, não mais tentando identificar qualquer espécie sem ter absoluta certeza.
O primeiro passo para nossa organização foi obter uma lista de todos os basônimos das espécies brasileiras, somente assim poderiamos estar seguros de ter verificado todas as possibilidades de nomes para cada espécie.
Basônimo é o nome original de uma espécie nova - o nome que é escolhido pelo autor na data de sua descrição. Como sabemos, os nomes dos gêneros mudam o tempo todo, mas os basônimos são sempre os mesmos. O número de espécies aceitas em um país só pode ser igual ou menor que o número de espécies publicadas e todas as espécies possuem um basônimo. Algumas vezes o nome atualmente aceito da espécie é o próprio basônimo, como por exemplo no caso do Epidendrum nocturnum, que foi publicado originalmente por Jacquin já com este nome. Em outros casos o basônimo é diferente, como por exemplo a Brassavola nodosa, cujo basônimo é Epidendrum nodosum, o nome originalmente escolhido por Lineu na data de sua publicação, nome que nunca mudará.
Cada basônimo encontra-se associado a um "tipo". Chamanos tipo a um exemplar da planta referido na publicação original. Ao longo dos anos as regras que definem o que seria esse exemplar mudaram. Inicialmente um desenho poderia ser considerado um tipo. Hoje é necessário haver uma planta seca, ou conservada em álcool, em um herbário. As regras para descrever plantas também foram mudando e ficando mais exigentes quanto a qualidade das informações necessárias. Uma das principais razões para isso é que os tipos de muitas das descrições originais não são suficientes para identificar a espécie a que ela se refere. Por exemplo, nas publicações de Vellozo há três espécies diferentes às quais no tempo dele eram atribuídas ao gênero Orchis, que pelos detalhes expostos no desenho, jamais será possível identificar. Não apresentam as informações mínimas necessárias para a identificação segura. Qualquer suposição será uma adivinhação. Vellozo não sabia que outras espécies parecidas com as que desenhou seriam descobertas e assim não informou no desenho ou na descrição os detalhes suficientes para sabermos qual exatamente seria essa espécie.
Pois bem, mas voltando ao nosso assunto, cada basônimo está associado a um tipo e para saber qual espécie o basônimo representa devemos então ver o tipo. Quando alguém sugere que o nome uma espécie publicada por um autor mude de gênero, para um gênero diferente do gênero originalmente escolhido por ele, deve referir-se à publicação original do primeiro autor e citar seu basônimo. Ao novo nome chamamos "nome (ou sinônimo) homotípico", ou seja, um outro nome proposto para um único tipo.
Todas os nomes e descrições de orquídeas hoje considerados válidos, sejam eles aceitos ou não, são posteriores a 1753, data em que Lineu lançou sua segunda edição de Species Plantarum. Pois bem, consideremos então a dificuldade de transmissão das informações em 1760. Nem é necessário voltar tanto. Há cem anos os países da America Latina ainda encontravam-se quase totalmente isolados. Para que uma informação publicada, por exemplo no Peru, chegasse aqui demorava anos. Essas informações tinham que ir primeiro à Europa para depois viajarem para cá. Assim é que espécies descritas em um país permaneciam desconhecidas por muitos anos em países visinhos e muitas vezes mesmo dentro do próprio país.
Como sabemos, as espécies não respeitam fronteiras e podem ocorrer em dois ou mais países ao mesmo tempo. Deste modo, era frequente que, sem saber que um botânico europeu, ou de algum país vizinho, já tivesse descrito uma espécie, um estudioso local publicasse novamente a mesma espécie com um outro nome.
Quando descobertos os enganos, a segunda espécie a ser descrita torna-se um sinônimo da primeira. Este tipo de sinônimo não é um sinônimo homotípico, e sim um "sinônimo heterotípico", pois o basônimo e o tipo deste sinônimo são diferentes dos da primeira planta a ser descrita.
Outro caso frequente acontecia quando um botânico, por coincidência, escolhia o mesmo nome já utilizado por alguém em outro local para uma espécie totalmente diferente, existindo assim duas espécies distintas com o mesmo nome. Neste caso a publicação fica inválida e é necessário publicar um novo nome para a segunda espécie. Essa descoberta muitas vezes demorava a acontecer e o nome se difundia antes que o erro fosse notado.
Conforme as regras para a descrição de espécies novas foram evoluindo os autores tiveram de adaptar-se às novas determinações. No entanto há um número muito grande de casos em que as regras não foram atendidas outro motivo que torna descrições inválidas.
Existe ainda um terceiro problema. Como sabemos, muitas espécies variam bastante, seja em cor, seja em tamanho ou formato ou conforme o local de coleta. Nas espécies mais cultivadas, essa variação é conhecida e não ocasiona enganos. Por exemplo, se considerarmos o caso da Cattleya intermedia irrorata: é uma variedade quase concolor de sépalas e pétalas muitos estreitas e labelo bastante largo. Se compararmos a relação dos segmentos florais desta planta com as de uma Cattleya intermedia comum, notaremos uma diferença enorme, no entanto nenhum estudioso está planejando separar esta variedade das outras intermedias, nem separar a C. intermedia 'Aquinii', ou as albas, ou as cerúleas, todas vão continuar sendo variedades de C. intermedia. Agora, se verificarmos o caso de uma planta menos cultivada e menos estudada, por exemplo a Pleurothallis saundersiana. É uma espécie que também varia muito, existem flores grandes e flores menores, alongadas ou curtas, inteiramente verdes, alaranjadas e púrpuras, pintalgadas ou não. Neste caso, cada uma delas recebeu um nome diferente. P. josephensis, P melachila, P. translucida, etc. Bem, na realidade a Cattleya intermedia 'Aquinii' tambem foi descrita como Cattleya aquinii, uma espécie diferente. Mas sabemos que é a mesma não é? De fato, se todas estas espécies de Pleurothallisque citei são sinônimos ou espécies isoladas é uma decisão em certa medida subjetiva. Depende do limite de tolerância de variação que o observador julga suficiente para dividir uma espécie. Depente também do interesse de cada autor por um determinado gênero. Por exemplo, o autor que gosta de Oncidium vai encontrar muito mais diferenças entre as espécies existentes, do que aqueles que gostam de espécies terrestres, que vai achar todos os oncidiuns parecidos. Aquele que não presta atenção às cattleyas vai achar que a C. loddigesii é igual a C. harrisoniana; a C. guttata igual à C. tigrina e a C. schofieldiana igual à C. granulosa. Pabst considerava a C. warneri igual à C. labiata e, caso tivesse se manifestado, possivelmente incluiria também a C. jenmanii. São a mesma espécie? Depende de nossas opiniões particulares. Para mim podem ser espécies diferentes e para você apenas variedades da mesma espécie ou vice-versa. Além disso hoje posso coinsiderá-las iguais e amanhã mudar de idéía. Gostaríamos que a definição das espécies fosse uma ciência exata mas infelizmente não é; nunca saberemos o número de espécies de orquídeas a ser considerado aceito. Vai sempre depender do julgamento de cada autor.
No caso de plantas medicinais, alimentos e tantas outras utilidades que encontramos nas plantas, é importante saber identificar corretamente uma espécie afinal uma pode produzir um remédio e outra parecida pode produzir um veneno. Mas as orquídeas, com pouquíssinas exceções, não têm qualquer utilidade além de seu valor ornamental. Mas estamos esquecendo uma coisa importante: quantas vezes compramos a mesma planta com nomes errados ou diferentes? Faça a conta do prejuízo! Todos deveriamos exigir que os produtores utilizassem o mesmo sistema. Como isto seria feito? é uma boa pergunta. Não existe um nome oficial obrigatório para nenhuma planta, assim sendo, já que estamos no Brasil e somos todos amadores, acho que a possivelmente a CAOB, em falta de outra instituição, deveria fazer uma lista de "nomes aceitos e recomendados para os colecionadores", assim todos, profissionais e amadores teriam algum modelo para se basear... se o nome não está na lista é porque deve haver algum engano e é melhor verificar qual é a planta antes de comprar.
Mas afastamo-nos novamente de nosso rumo. Pois bem, então fiz uma lista de todos os baosônimos das espécies existentes no Brasil, tenham eles sido publicados em algum país vizinho ou provenientes de nossas próprias plantas. A lista de descrições vai desde a primeira até as mais recentes das quais tivemos notícias.
Ao observar a quantidade de publicações e os nomes de seus autores, as datas, etc., não pude deixar de pensar que algém poderia interessar-se por algumas das informações que ela contém e se dela tirássemos algumas conlusões e estatísticas. Assim escolhi algumas desta lista que publico aqui. Doravante, todos os números e informações apresentados referem-se apenas a publicações referentes às espécies brasileiras.
A lista inclui todas as descrições de variedades publicadas. Como sabemos, a maioria dessas descrições hoje é considerada sinônimo das espécies tipo. Muitas são variedades de cor ou pequenas alterações morfológicas das espécies que se verificam quando existe isolamento populacional ou quando essas espécies são produto de hibridações recentes difíceis de traçar. Assim é que estudiosos que dedicaram-se ao estudo e publicações de variedades, como por exemplo Hoehne e Cogniaux, tem um número proporcionalmente maior de sinônimos do que outros que apenas descreveram espécies novas. Outros caso há em que os autores não tinham cuidade de verificar as descrições existentes, o que naturalmente é um trabalho enorme, e ao encontrar uma espécie que não conheiam iam simplismente descrevendo, criando assim um novo sinônimo. Talvez o mais destacado autor de sinônimos é Kraenzlin. Pouco mais de um quarto de suas descrições são correntemente aceitas. Alguns autores, como Hoffmannsegg por exemplo, teriam feito melhor se tivessem se dedicado a outros afazeres. Hoffmannsegg descreveu 37 espécies para o Brasil, correntemente apenas 3 são aceitas e mesmo essas podem vir a ser sinônimos quando o exame cuidadoso de seus tipos se verificar. Regel é outro caso de notável insucesso descreveu 51, apenas seis são aceitas.
As Primeiras Espécies Brasileiras
A primeira orquídea brasileira a ser descrita, o Epidendrum vanilla, hoje Vanilla mexicana o foi em 1753 por Lineu, depois foram descritas três juntas em 1759: Epidendrum caudatum (hoje Brassia caudata), Epidendrum ciliare e Epidendrum punctatum (hoje Cyrtopodium punctatum).
Em seguida vieram 12 descrições de Jacquin em 1760 e uma em 1763, destas, quatro ainda conservam o nome original usado por Jacquin e são as orquideas brasileiras mais antigas cuja propostas de mudanças de nomes nunca vingaram. São elas o Epidendrum nocturnum, E. ramosum, E. rigidum e E. anceps. Nesta época só havia 8 gêneros de orquídeas e todas as orquídeas epífitas eram descritas como Epidendrum.
A primeira orquídea brasileira a ser descrita, cujo nome hoje é considerado um sinônimo de outra já descrita anteriormente, o foi em 1760 quando Jacquin publicou na mesma obra o Epidendrum cebolleta e também o Dendrobium cebolleta (Cohniella cebolleta), no entanto como ele mesmo atentou para este fato, talvez devessemos então considerar o primeiro sinônimo validamente publicado o Epidendrum juncifoliumde 1763, outro nome da Cohniella cebolleta então descrito por Lineu que, como vimos, havia sido descrito por ele mesmo 3 anos antes com outro nome.
O primeiro caso de descrição inválida para espécies brasileiras ocorreu em 1788 quando Swarts descreveu o Epidendrum umbellatum (hoje umbelliferum) pois este nome já havia sido utilizaodo dois anos antes por G. Frost. Por coincidência, em 1831, o mesmo nome foi utilizado novamente, deata vez pelo Frei Vellozo para a planta hoje conhecida como Malaxis excavata. Mas a descrição de Swartz neste caso deu-se com uma planta coletada no exterior. O primeiro caso com espécie coletada no Brasil aconteceu em 1822 quando Loddiges descreveu a Gomesa planifolia utilizando o nome Gomesa recurva, já utilizado em 1815 por R. Brown.
Até 1799, 86 nomes de espécies de orquídeas que existem no Brasil haviam sido publicados, mas na realidade nenhuma delas foi de fato descrita para o Brasil, todas eram espécies provenientes de coletas em outros países da América mas que futuramente foram encontradas também aqui. Dentre estas 86 descrições, 16 são hoje consideradas sinônimos.
Em 1799 Swarts, descreveu a primeira orquídea existente exclusivamente no Brasil o Cymbidium pedicellatum (Zygopetalum), que então podemos considerar de fato a primeira orquidea brasileira a ser validamente descrita. Naturalmente, muitas plantas brasileiras já se encontravam em herbários no exterior, o próprio Pabst aponta o fato de haver encontrado um Trigonidium brasileiro cuja coleta data de 1634, em um herbário da Dinamarca, porém essa planta só viria a ser descrita por Lindey em 1838.
As Descrições
Mas o leitor atento deve estar curioso... mencionamos acima que em 1881 já haviam sido descritas 2407 espécies para o Brasil. Esse número é próximo do número total de espécies que reconheemos ainda hoje, não é mesmo? Afinal quantas são as descrições?
Desde que o primeiro botânico sentou-se à sua escrivaninha para descrever uma espécie que julgou ser nova, 5325 novas descrições para o Brasil foram publicadas, excetuadas as descrições de híbridos naturais. Até 1980, ano da morte de Pabst, foram 4944 descrições.
No início deste artigo apresentamos algmas efemérides sobre as descrições de espécies brasileiras. Tendo já abusado bastante da paciência do leitor com assunto tão árido sentimos entretanto a necessidade de ainda completar agora este artigo com mais alguns números e fatos. É preciso salientar ainda que neste artigo nunca nos referimos a publicações de reclassificação, ou seja, mudanças de gêneros, mas apenas a publicações de supostas espécies novas.
De agora em diante, todos os dados que apresentarmos serão considerados apenas até 1980, uma vez que não desejamos estimular sentimentos negativos por parte de autores de descrições posteriores a esta data caso alguma des suas publicações seja esquecida. Então, as 381 publicações dos últimos 27 anos, bem como seus autores, serão excluídos deste artigo e de suas estatísticas.
Conforme explicamos acima o número de espécies aceitas é incerto, estimamos que há cerca de 2350 espécies geralmente aceitas no Brasil, sem considerarmos os híbridos naturais, além de mais cerca de 300 espécies mal descritas, confusas ou por identificar. Isto significa que menos da metade das descrições publicadas são aceitas.
Ressaltamos o fato de que estas estatísticas são apenas aproximadas e devem ser olhadas com reservas. Mudam ao longo do tempo conforme cada uma das descrições é analisada. Plantas hoje não esclarecidas podem passar a serem aceitas e estas a sinônimos. Variedades podem passar a ser espécies aceitas e o contrário também acontece. O número de espécies consideradas aceitas varia de autor para autor e conforme a tendência de juntar ou separar espécies. Por fim, obviamente não olhamos cada um dos tipos e nosso números baseiam-se prinipalmente nos bancos de dados publicados na internet aos quais fizemos inúmeras correções conforme nosso entendimento atual.
Dois autores foram deixados de fora de nossas contas por terem trabalhado só em dupla. Suas descrições estão incluídas sob os nomes dos outros autores, são eles: Campos Porto que em parceria com Curt Brade descreveu 26 espécies das quais são 20 aceitas, e Warming que descreveu 54 espécies sempre em junto com Reichenbach f., 39 aceitas.
Cerca de um terço das descrições tiveram a participação de um brasileiro ou um estrangeiro vivendo no Brasil.
Porcentagem e quantidade de espécies brasileiras aceitas descritas pelos principais autores até 1980:
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Até 1980, 244 estudiosos publicaram espécies do Brasil dos quais 23 eram brasileiros e 3 eram estrangeiros que viveram bom tempo no Brasil. 188 autores descreveram plantas sozinhos, 60 duplas foram formadas, 3 triplas ocorreram. 31 autores somente participaram em duplas ou triplas onde um dos autores habitualmente publicava só. 5 duplas descreveram somente em conjunto. 15 autores não descreveram as espécies mas deixaram anotações utilizadas posteriormente por outros autores e tiveram seus nomes incluidos no crédito pela descrição. 22 espécies foram publicadas sem autor em revistas Européias, nenhuma dessas descrições é aceita pois todas já tinham outros nomes válidos publicados. 87 autores descreveram apenas uma espécie. 73 autores descreveram de duas a quatro espécies. 41 autores descreveram cinco a dez espécies. 15 autores descreveram de onze a vinte espécies.
Observando o número de espécies descritas o longo do tempo notamos que após o advento de Getúlio Vargas e do Estado Novo, as descrições de espécies brasileiras por estrangeiros reduziu-se quase a nenhuma. Grande parte das descrições do período recente corresponde a espécies descritas para países visinhos que posteriormente foram encontradas aqui, descrições de espécies sobre de material antigo já existente no exterior ou descrições novas a partir de publiações antigas inválidas. Exceções são os casos em que estrangeiros descreveram em parceria com brasileiros. Olhando ainda esse mesmo gráfico, podemos notar claramente os picos no números de publicações cada um deles resultado das atividades de um autor: O primeiro pico, das descrições de Lindley cerce de 1840, que mistura-se com o segundo, de Reichenbach em 1860; O pico das descrições de Barbosa Rodrigues na década de 1890; as descrições de Cogniaux cerca de 1910 e depois as de Schlechter até 1930. No Brasil as descrições após 1910 devem-se a Hoehne e Brade, depois a Pabst e mais recentemete a diversos autores.
Quantidade de espécies brasileiras descritas por décadas de 1753 a 2007 com os principais autores anotados na época em que viveram, em verde os brasileiros:
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Descrições inválidas
185 das descrições publicadas são consideradas inválidas, na maioria dos casos por utilizarem um nome já em uso para outra espécie, mas algumas por não atenderem as regras do código de nomenclatura botânica. Muitas descrições eram realmente espécies novas mas o autor foi infeliz na escolha do nome, perdendo assim o crédito pela descrição.
58 autores participaram de descrições inválidas, destes 9 eram brasileiros. 30 autores publicaram apenas uma descrição inválida, infelizmente algumas vezes sua única publicação. Naturalmente os autores com mais descrições inválidas são também os autores com mais descrições publicadas. Por outro lado estes mesmos autores, têm muito menos descrições inválidas, de 2 a 10%, quando comparados a autores que publicaram menos, que em alguns casos têm metade ou a totalidade das descrições inválidas.
Vale notar aqui o caso de A.D.Hawkes, que publicou apenas 10 espécies, todas em 1957, destas 4 são inválidas, 4 são sinônimos e 2 eram nomes novos para publicações inválidas de outros autores. Um notável caso de insucesso. Vale a pena ainda ressaltar o fracasso de alguns outros autores: Hoffmannsegg descreveu 37 espécies, só 3 são aceitas e ainda apenas provisóriamente. Regel descreveu 51 e só 6 são aceitas.
Descrições Aceitas
Até 1980 estimamos que cerca de 2140 descrições são geralmente aceitas, descritas por 134 autores. 24 deles eram brasileiros ou estrangeiros vivendo no Brasil e descreveram 875 espécies aceitas.
Das descrições aceitas até 1980: 53 autores descreveram apenas uma espécie; 14 autores descreveram duas espécies; 20 autores descreveram três espécies; 7 autores descreveram 4 espécies; 2 autores descreveram 5 espécies; 6 autores descreveram 6 espécies; 3 autores descreveram 7 espécies.
Schlechter tem 197 espécies aceitas, na realidade descreveu mais, porém grande parte de suas descrições perdeu-se nos bombardeios da segunda Guerra Mundial, destas 197 espécies, algumas não estão esclarecidas.
Em nossas contas, muitas espécies são contadas duas vezes, por exemplo todas as espécies descritas por Hoehne e Schlechter aparecem duas vezes nas estatísticas. O mesmo ocorre com Pabst e Brade, etc. |